Toda e qualquer empresa financia seus ativos com apenas dois tipos de capital. O capital próprio, dinheiro que os sócios injetam na empresa e o capital de terceiros, também conhecido como passivo financeiro, representado pelos recursos captados em bancos. Para as análises abaixo excluiremos os créditos de fornecedores (passivos operacionais), ainda mais baratos.
Os recursos captados dos sócios e dos bancos são as origens de recursos que serão aplicados nos ativos da empresa. Caixa, contas a receber, estoques, veículos, caminhões, imóveis. E estes recursos podem ser de curto ou longo prazo.
Quando você empresário opta por investir em uma empresa espera remunerar o capital investido a uma taxa superior a que você teria no mercado. Como por exemplo, uma aplicação do mesmo valor em CBD (Certificados de Depósito Bancário). O que é justo, tendo em vista todo o risco envolvido no processo de abrir ou investir em uma empresa.
Atualmente nossa SELIC está fixada em 13,25% a.a. Na prática um investidor que tenha um valor para aplicar pode ter uma rentabilidade anual próxima dos atuais 13,25%. Sendo até superior caso a quantia seja considerável. Levando-se em consideração todos os riscos envolvidos no dia a dia operacional de uma empresa. Capital imobilizado em máquinas, equipamentos, estoques, contas a receber, inadimplência de clientes, passivos trabalhistas, etc. Os sócios devem exigir de uma empresa uma taxa de retorno anual na ordem de no mínimo 20% ao ano. Tendo em vista que ele, o empresário possui outras oportunidades de investimento para o mesmo recurso. Muito menos arriscados e que pagam retornos próximos disto. Este conceito também é conhecido como custo de oportunidade.
Não é raro conversarmos com empresários que estão passando por dificuldades financeiras por aumentarem suas empresas construindo novas plantas fabris. Ou novos pontos de venda. O que há em comum entre todos esses empresários? Todos responderam a pergunta que inicia essa matéria dizendo que o capital próprio é mais barato.
Simplificando
Vejam, existem no mercado linhas de crédito para investimentos com taxas a partir de 6,5% a.a.
Com isso, pergunto a você leitor: o que é mais vantajoso para sua empresa: pagar 6,5% a.a. ou 20% a.a.? Isso ocorre, pois o banco tem um risco menor que o empresário. O banco sabe desde o início da operação quando e quanto vai receber, pois existe um contrato que fixa essa operação, além do mais o banco tem prioridade de recebimento, o banco recebe primeiro, enquanto a remuneração do sócio é o lucro. E este poderá retirar seu capital somente se a empresa gerar tal lucro. Isso permite que o banco opere com taxas menores às esperadas pelos sócios. Economicamente o custo financeiro está diretamente relacionado com a incerteza. Ou seja, quanto maior a incerteza, maiores as taxas.
Além de tudo isso, existe outro fator que assombra todos esses empresários com dificuldades financeiras. A imobilização do capital de giro próprio, em uma construção, por exemplo, afeta imediatamente a liquidez de suas empresas.
A liquidez de uma empresa está diretamente relacionada com sua capacidade de arcar com seus compromissos financeiros e operacionais. Ou seja, a empresa que não tem recursos para pagar todas suas dívidas não possui liquidez.
Além de o recurso próprio ser mais caro, os recursos do caixa que deveriam ser destinados ao giro operacional da sua empresa estão imobilizados em ativos que já não geram mais receitas. Criando problemas para você pagar os boletos. Agora que você já efetuou a imobilização de capital e vem tendo problemas financeiros. Sua empresa já não está mais apta a acessar recursos para investimentos com taxas baixas e longos prazos de amortização. Tendo em vista que suas demonstrações contábeis começam a evidenciar os prejuízos mensais causados pela imobilização de capital. E como consequência você começa a acessar linhas de crédito de curto prazo e com taxas de juros absurdamente altas, como descontos de duplicatas, capital de giro, cheque especial, etc. Fazendo com que sua empresa se torne mais um feliz funcionário do banco, e ao invés de gerar lucros para você, está trabalhando para o banco. Entrando cada vez mais em um ciclo vicioso de endividamento com linhas de crédito de curto prazo que não são saudáveis.
A empresa “A” representa uma empresa com liquidez, tendo em vista que possui bens e direitos (ativo circulante) maiores que as obrigações de curto prazo (Passivo circulante). Já a empresa “B” representa uma sem liquidez, tendo em vista que possui bens e direitos menores que as obrigações de curto prazo, ou seja, mais cedo ou mais tarde faltarão recursos no caixa para arcar com os compromissos.
Douglas Gayo – Mentor do Gestor de Sucesso